Falando de egos e crianças ou o melhor presente no dia da criança

Falando de egos e crianças ou o melhor presente no dia da criança

Falando de egos e crianças, ou o melhor presente no dia das crianças!

Quando eu era pequena não se comemorava o dia da criança, pelo menos não na minha família! Presentes só no Natal e no aniversário, e olhe lá! E era um só!

Mas as coisas mudam, e temos que rever sempre nossas posições.

O assunto hoje é sobre o que de fato devemos dar para os filhos, além dos presentes, mimos e agrados materiais, dos quais está difícil fugir! Sempre temos uma data a comemorar, ou porque queremos premiar uma façanha ou simplesmente para aplacar as nossas culpas! Mas e além disso?

Durante uma sessão de terapia, ao falarmos sobre filhos, dúvidas na educação, angústias que assombram os pais sobre o futuro, meu paciente me perguntou: então você não acha que o melhor que podemos dar a um filho é um ego saudável? Foi uma sacada e tanto e me fez pensar!

O bebê humano leva muito tempo pra ser autônomo, pra Winnicott o bebê não existe, maneira de dizer que um bebê sozinho não é capaz de sobreviver, sempre tem a mãe ou outro cuidador ao lado.Que tem a função de alimentar, aquecer, trocar, interpretar as necessidades e angústias do bebê.Pra isso tem que estar em sintonia, tem que sentir por ele, tem que ouvir, como a maioria das mãe sabe fazer inconscientemente!

É o que chamamos de função materna!

Mas não é só! A mãe, o pai, enfim os que rodeiam a criança vão traduzir o mundo pra esse novo ser! Vão apresentar as coisas, dar nome aos objetos, bem como aos sentimentos. A mãe empresta seu ego pra formar e fortalecer o ego imaturo e frágil do seu bebê! Ela vai apresentá-lo ao amor, à confiança, mas também, a seu tempo, à decepção, à raiva, enfim vai fazendo com que ele comece a entender onde vive, o que sente, o que dói e o que dá prazer! Para que aos poucos comece a saber discriminar sozinho suas sensações, seus medos e fragilidades. A ter confiança em si e na vida, e comece a formar a sua própria visão sobre as coisas que o cercam! É uma tarefa complexa, mas felizmente fazemos tudo isso naturalmente!

Os problemas surgem quando temos uma família, um casal ou uma mãe comprometida, com depressão, com transtornos psiquiátricos, com problemas graves de discriminação, de julgamento, de relacionamento, enfim alguém que está impossibilitado de interpretar seu bebê ou de lhe passar uma visão boa do mundo! Ninguém consegue dar o que não tem, ou não conhece!

É onde eu queria chegar; todos queremos o melhor para os filhos, todos fazemos o máximo por eles, mas deixar esse ego forte e saudável como herança  só é possível se  antes de sermos país, nos pensarmos como pessoas, como casal, como sujeitos! Se nos dispusermos a ver nossos filhos também como sujeitos desejantes, não de maneira narcísica!

 Os filhos não vem ao mundo pra fazer, ter ou ser aquilo que nós não conseguimos!

Pensemos…

Fonte: Marie Claire Bordone de Siqueira